domingo, 25 de janeiro de 2009

Gre-Nal

O Gre-Nal é o clássico futebolístico mais importante aqui no Rio Grande do Sul. Não há meio termo. Não é possível ficar em cima do muro. Ou se é gremista, ou colorado. Desde criancinha, os pais imputam esse sentimento de polaridade em seus filhos.

Voltei a morar em Porto Alegre há poucos meses. Estava desacostumado com a cultura gaúcha de polarizar, radicalizar, diria eu, as opiniões. Sobre tudo. Política, religião, futebol, economia, governo. Ou você está de um lado, ou...está de outro. Não há terceira via, não há alternativa. Democracia estranha essa.

Por que estou falando nisso? Acredito que extremismos não levam a lugar nenhum. No Rio Grande do Sul é praticamente impossível se acatar propostas, ideias, sugestões do grupo contrário. Talvez por isso esse tão lindo estado, berço de meu nascimento enfrenta uma crise sem precedentes. Empacado, como uma mula.

Fiquei surpreso com a opinião emanada pelo o colunista David Coimbra, do jornal Zero Hora. Nem tanto pela opinião, acerca da rixa política entre a secretaria de educação do estado e o CPERS, o sindicato dos professores daqui. Mas muito mais pelas respostas postadas no blog do David. As pessoas não aceitam mais opiniões. Levam tudo pelo lado pessoal, e, na maioria das vezes, rechaçam a opinião com ofensas pessoais, tentando diminuir o emitente da mesma. Isso tudo me deixa muito preocupado. Em pleno século XXI, o homem parece cada vez menos tolerante a opiniões contrárias as suas. É como se fosse proibido a um colunista (cuja principal função é opinar) declarar seu entendimento sobre um assunto polêmico. Os jornalistas devem então ater-se a assuntos frívolos? Que não se posicionem a favor ou contra? Aliás, esse nem é o foco da questão. David queria, em sua coluna, defender o debate entre as entidades da educação do estado. Disse que ficou estarrecido com a intransigência de uma das partes, que preconceituosamente, não aceitava, nem, no mínimo, discutir as propostas da outra parte.

Isso se chama intransigência. É o resultado da polarização estabelecida por essas bandas. Preto ou branco, azul ou vermelho, esquerda ou direita. Sem possibilidade de que a ideia do contrário possa beneficiar o coletivo. Falta pouco para se dividir o estado ao meio. O que o povo gaúcho deveria entender, é que dividir significa enfraquecer. Somar é fortalecer. Não é preciso concordar com tudo. Muito menos esquecer princípios e convicções. Mas, ao menos escutar o outro. Tolerar. Aceitar que o outro não está totalmente errado. Que é um ser pensante. E que tem idéias boas. Que podem ser aproveitadas por todos. Assim funciona a verdadeira democracia. Assim evoluímos e vivemos melhor em sociedade. Assim o povo gaúcho se tornará forte. Ouvir é o segredo. Debater sem preconceitos é o próximo passo. Aceitar e por em prática o que é bom para o coletivo será a glória.

Não estou defendendo o fim da rivalidade de Grêmio e Inter. Mas, sinceramente, ficaria muito feliz em assistir um Gre-Nal, tanto no Beira-Rio, quanto no Olímpico, como antigamente. Metade do estádio para cada torcida. Em paz. Com tolerância. Sem polaridades radicais.

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