quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Da série...Português é tão difícil?...nº V




Essa é fácil. Ganha um pirulito quem acertar o erro de português...kakakakak.



Sexo oral


Sexo, antes de ser executado, é falado. Sim falado. Se os casais falassem de e sobre, viveriam melhor. Transariam melhor. Seriam mais felizes. Menos separações. Assim como discutir relacionamento é importante, discutir sexo também. Os tabus, as vergonhas, a cultura, devem ser deixadas de lado em prol da felicidade carnal. Espiritual.

Falem casais. Falem, falem de manhã no café com bolinhos. Falem à tarde, por SMS. Falem na janta. Jantem. Comam. Nos dois sentidos. Falem enquanto (se) comem. Falem sacanagens, palavrões, sussurros nos ouvidos de ambos. Falem o que gostam. Falem que estão gostando. Riam se sentirem vontade. Expressem-se. O rito sexual pro homem é audível. Olfativo também. Falem de sexo. Falem no sexo. Falem antes, durante, depois. Pensem e falem. Com respeito. Com amor. Mas também com selvageria. Isso excita. Definam limites próprios. Juntos. Abstenham-se de limites individuais.

Superem os limites. Cada dia. Surpreendam. Chegue por trás dela quando estiver lavando a louça. Passe a mão na bunda dela. Sussurre o quanto ela é gostosa. Chegue ao lado dele enquanto assiste ao futebol. Agarre ‘nele’. Diga como gosta. Diga que quer brincar. Sussurre no ouvido. Quente. Lamurioso. Sexy. Não gritem, nunca. A não ser de prazer. Aí vale urrar.

Sexo falado dá tesão. Sexo falado prolonga o tesão. Falar prelimina as preliminares, prelimina o ato em si, e antecede o gozo verdadeiro. Conversar com a boca, com o corpo (sim, o corpo fala), com o beijo, com o roçar dos corpos, com a união dos sexos, com o olhar, com o cheirar, com o toque. Tudo é comunicação. Verbal ou não.

O sexo precisa ser falado. Não pode ser escondido. Alfabetizem-se. Decorem. Estudem o ditado. Ditem. Um para o outro. O sexo necessita tribuna. Discurso presidencial. Dependendo da confiança, o falar vira comício. Outros ouvidos escutam. E opinam. Aceitem se quiserem. Desde que o homem é homem, recebeu um aparelho espetacular de sociabilização e aproximação. A boca. Por isso a boca fala. E beija. Lambe. Morde. Excita. Faz bafo quente na nuca. Arrepia.

Se tem um conselho que deixarei para eternidade, é esse: falem. De sexo. Sobre sexo. A respeito de. Gostos. Posições. Jeitos. Tempo. Dores. Prazeres. Experiências. Falar é primordial para a felicidade conjugal. Mulheres percam a vergonha arraigada ao longo dos tempos. Não se privem de falar. O homem gosta de mulher safada. Que fale na hora ‘h’. Tenha certeza que não é vulgar. É gostoso. Faz bem. Libera endorfina. Dá prazer.

Prazer. Essa é a palavra. Pra se ter prazer é preciso falar em prazer. É preciso conhecer. Determinar. Escrever e falar a constituição do prazer. Tradição oral.

E por falar em oral. Façam sexo oral. Dos dois jeitos.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Os dois que se tornam um



Choro tuas lágrimas de tristeza. Tristeza sem motivo. Tristeza com motivo. Dói meu peito tua apreensão. Perambulo tal zumbi por tua insônia. Durmo tarde em tua preocupação. Realizo teu sonho se assim o desejares.

Respiro ofegante teu soluço triste, sou teu lenço a secar teu choro. Aparente. Sem motivo. Choro feminino não precisa motivo. Mulher não precisa motivo para chorar. É da tua sensibilidade. Sou teu estresse pelo trabalho mal pago. Pelo trabalho mal amado.
Sou tua irritabilidade pelos dias distantes. Sou tua saudade dos amados que estão longe.

Sou tua alegria ao me conhecer. Sou espelho da tua alma a voltar a amar. Rio tua risada das piadas e provocações. Abraço-te sem te abraçar. Beijo-te sem beijar. Sou tua virtualidade há uma semana. Teus dedos no teclado a digitar o amor.

Escrevo em teu caderno tua lição de hoje. Enxergo o quadro negro da tua aula. Penso tua profissão. Estudo teu conhecimento. Estudo tua lição. Nova ou velha. Exalto-me em teu desenvolvimento. Recebo teu diploma, carta de alforria da distância que nos separa. Assim espero.

Espero te conhecer no encurtamento da distância continental que nos separa. Sou tua revolta por não te reconhecerem. Sou tua ansiedade em voltar. Sou tua razão por nós dois. Sou a loucura que (ainda) não cometeu. Sou tua vergonha junto a mim em frente ao vídeo.

Sou tua força de viver longe e sozinha. Sou tua determinação em seguir na frente. Tua molecagem estampada na face. Teu riso tímido. Tua euforia ao esperar nosso encontro. Mesmo que ele não tenha acontecido. Tua expectativa em relação a mim.

Sou tudo isso pelo simples motivo de que os dois se tornaram um.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Gre-Nal

O Gre-Nal é o clássico futebolístico mais importante aqui no Rio Grande do Sul. Não há meio termo. Não é possível ficar em cima do muro. Ou se é gremista, ou colorado. Desde criancinha, os pais imputam esse sentimento de polaridade em seus filhos.

Voltei a morar em Porto Alegre há poucos meses. Estava desacostumado com a cultura gaúcha de polarizar, radicalizar, diria eu, as opiniões. Sobre tudo. Política, religião, futebol, economia, governo. Ou você está de um lado, ou...está de outro. Não há terceira via, não há alternativa. Democracia estranha essa.

Por que estou falando nisso? Acredito que extremismos não levam a lugar nenhum. No Rio Grande do Sul é praticamente impossível se acatar propostas, ideias, sugestões do grupo contrário. Talvez por isso esse tão lindo estado, berço de meu nascimento enfrenta uma crise sem precedentes. Empacado, como uma mula.

Fiquei surpreso com a opinião emanada pelo o colunista David Coimbra, do jornal Zero Hora. Nem tanto pela opinião, acerca da rixa política entre a secretaria de educação do estado e o CPERS, o sindicato dos professores daqui. Mas muito mais pelas respostas postadas no blog do David. As pessoas não aceitam mais opiniões. Levam tudo pelo lado pessoal, e, na maioria das vezes, rechaçam a opinião com ofensas pessoais, tentando diminuir o emitente da mesma. Isso tudo me deixa muito preocupado. Em pleno século XXI, o homem parece cada vez menos tolerante a opiniões contrárias as suas. É como se fosse proibido a um colunista (cuja principal função é opinar) declarar seu entendimento sobre um assunto polêmico. Os jornalistas devem então ater-se a assuntos frívolos? Que não se posicionem a favor ou contra? Aliás, esse nem é o foco da questão. David queria, em sua coluna, defender o debate entre as entidades da educação do estado. Disse que ficou estarrecido com a intransigência de uma das partes, que preconceituosamente, não aceitava, nem, no mínimo, discutir as propostas da outra parte.

Isso se chama intransigência. É o resultado da polarização estabelecida por essas bandas. Preto ou branco, azul ou vermelho, esquerda ou direita. Sem possibilidade de que a ideia do contrário possa beneficiar o coletivo. Falta pouco para se dividir o estado ao meio. O que o povo gaúcho deveria entender, é que dividir significa enfraquecer. Somar é fortalecer. Não é preciso concordar com tudo. Muito menos esquecer princípios e convicções. Mas, ao menos escutar o outro. Tolerar. Aceitar que o outro não está totalmente errado. Que é um ser pensante. E que tem idéias boas. Que podem ser aproveitadas por todos. Assim funciona a verdadeira democracia. Assim evoluímos e vivemos melhor em sociedade. Assim o povo gaúcho se tornará forte. Ouvir é o segredo. Debater sem preconceitos é o próximo passo. Aceitar e por em prática o que é bom para o coletivo será a glória.

Não estou defendendo o fim da rivalidade de Grêmio e Inter. Mas, sinceramente, ficaria muito feliz em assistir um Gre-Nal, tanto no Beira-Rio, quanto no Olímpico, como antigamente. Metade do estádio para cada torcida. Em paz. Com tolerância. Sem polaridades radicais.

sábado, 24 de janeiro de 2009

A casa do Senhor está sempre (sempre?) de portas abertas


Diria que não sou religioso. Pelo menos não daqueles fervorosos. Mas creio Nele.
E acredito em algumas coisas que me fazem ver a vida de modo, no mínimo, diferente.
Não vou discutir religião. Não se preocupem. Mesmo porque, religião, política, futebol, cores, dores e amores, não se discutem. Cada um tem a sua. Cabe a todos respeitar a opinião de cada um.

Essa semana procurei, digamos, um templo de uma determinada religião que me apraz.
Aqui pertinho de casa mesmo. Gosto de ir até lá, espairecer a mente, me conectar com o divino. Pois bem, chegando à porta do tal lugar me deparo com... um cadeado. Vou fazer minha mea culpa. Cheguei dez minutos após o começo da, digamos, liturgia.

Longe de mim fazer qualquer crítica a qualquer religião, doutrina, seita, ou seja lá o que for. Fiquei parado em frente ao portão fechado por, no máximo, cinco minutos. Até que um cidadão lá de dentro ao me avistar veio falar comigo. Perguntei se poderia entrar, assistir ao restante do rito. Ele educadamente me respondeu que sentia muito mas, como a palestra já estava quase no final, seria melhor que eu retornasse outro dia. Inclusive me deu um folder com os horários da casa, como que dizendo, oh Mané, aqui a gente tem horário, vê se chega mais cedo da próxima vez.

Não fiquei chateado com a situação. Mesmo porque todas as sociedades civis, religiosas e suas instituições possuem regras. E se você quer fazer parte de alguma tem que se sujeitar a elas. Não perguntei o motivo da porta fechada. Logo imaginei. Segurança. Estamos numa capital do estado. A violência bate à porta, inclusive da casa do Senhor. Respeitei a decisão, mas saí de lá pensativo. Em que mundo estamos? Nem as igrejas, templos ou o que for, escapam da senda de violência e medo que assola as grandes (e pequenas também) cidades.

Lembrei da evangelização. Minha catequista falava. As portas da casa de DEUS estão sempre abertas. Hoje, não mais. É um bom filão para a segurança privada. Guarda monitorada da igreja. Câmeras de monitoramento nos templos. Vigilância armada nos terreiros de candomblé. Cães de guarda às portas dos centros espíritas. Já imaginou? Porta giratória detectora de metais para entrar na missa? Esse mundo está do avesso mesmo. A bandidagem não perdoa nem a casa do Pai. Inclusive Pai deles mesmos.

A casa do senhor já esteve com as portas abertas. Hoje não mais. Na casa do Senhor não existe satanás. Mas que ele a visita, ah, com certeza, visita.

Espelho quebrado

Sou supersticioso. Sempre fui. Desde criança. Nunca atravessei embaixo de escada, nem deixei gato preto atravessar na minha frente, muito menos quebrei espelho. Quebrar espelho dá sete anos, sete longos aninhos de azar. Desfortuna, desgraça, enguiço, inhaca, urucubaca das brabas. Por SETE ANOS! Já pensou? Não comigo não violão. Nada feito.

Semana passada estava tirando o carro da garagem quando, sem querer (com homem é sempre sem querer), abalroei o retrovisor direito do veículo em questão. Contra o marco da garagem. Entrei em pânico. O espelho espatifou-se, como se fosse um castelinho de areia construído na beira da praia atingido por um tsunami. Não sobrou um pedacinho reflexivo para a companhia retocar o batom. Nada. Nadica de nada. Saí do carro e por pouco as lágrimas não rolaram. Lá estava eu segurando o suporte do retrovisor e pensando: sete anos de azar, sete anos de azar. Mas que diabos fiz para merecer esse castigo tão severo?

O pior não é você saber que terá sete anos de inhaca, mas, sim, que ficará se torturando mentalmente tentando adivinhar por quais provações terá que passar. Isso é o pior. Saber que está fadado à desgraça sem saber quais serão os castigos. Estava a ponto de cortar os pulsos com os retalhos do espelho. Lembrei que não adiantaria. Estava com azar. Portanto sobreviveria, mesmo com os pulsos cortados. Era capaz, ainda, de pegar uma infecção pelos cortes e ser hospitalizado. Cruz credo!

Foi aí que aconteceu. Não sei que mágica cósmica atuou a favor, só sei que fiquei e estou até agora surpreso com os fatos que se sucederam. Fui trabalhar. Voltei para casa e as coisas começaram a acontecer. Talvez porque, como já não estivesse numa situação geral muito boa, bati de ombros e pensei: o que são mais sete anos de azar se já estou fu... mesmo?

As forças cósmicas ocultas da infortuna e do sortilégio devem ter se compadecido de mim. As coisas e situações ao meu redor começaram a mudar de tal forma, que fui favorecido em vários assuntos e áreas da minha vida. Tudo de bom simplesmente começou vir até mim. Sem pedir. Sem forçar.

Estranho. Muito estranho. Penso que estava enfeitiçado. Ao quebrar o espelho o feitiço deve ter se rompido. Não discuto isso. Sorte minha ter quebrado o espelho. Mas por garantia, continuo não passando por debaixo de escada.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Atire a primeira pedra


Serei apedrejado até o final desse texto. Com certeza serei apedrejado. Bom. Vamos lá de qualquer jeito. Juro que tento. Deus sabe quanto tento entender as mulheres.

Esses dias vi o resultado de uma pesquisa que concluía, resumidamente, que há uma nova denominação para o homem (do sexo masculino) que é a preferência da mulherada.

Trata-se do neossexual. Mas que diabo de homem é esse? Vou tentar explicar. Trata-se de um homem sensível (não boiola), que consegue entender o lado feminino, discutir a relação, mas que, ao mesmo tempo, é forte e decidido. Tem objetivos e metas. É ambicioso e protetor. Amável, capaz de demonstrações públicas de afeto. Bem. Agora, mulheres, podem começar a pegar as pedras. Por quê? Porque os japoneses ainda não inventaram nada nem perto disso ainda. Eu sempre brinco que mulher quer um homem três em um. Um otário para pagar as contas. Um garanhão na cama e um viado para discutir a relação. Vejamos. Se o cara é um garanhão na cama, com toda a certeza não conseguirá discutir nem se a Terra gira em torno do sol ou não, quanto mais relacionamento. Aliás, para se discutir relacionamento o homem precisa pelo menos saber que está em um. Se o cara discute relacionamento é psicólogo, hummm, abram o olho meninas. Na hora do sexo dissertará um tratado Freudiano em vez de falar uma boa sacanagem no seu ouvido. Mas o pior é se o dito cujo só servir para pagar contas. Aí ele só conseguirá se preocupar em...trabalhar para pagar as contas. O máximo em discussão de relacionamento dele será com o gerente do banco em que está endividado. Sexo? Um bom 5 contra 1 no banheiro resolve.

Vocês mulheres precisam se decidir. Definitivamente. Depois do metrossexual, aquele cara que se cuida, narcisista ao extremo e que vocês adoravam, afinal um homem que cuida de si cuidará também de vocês, agora esse tal de neossexual. Segundo a pesquisa o carinha candidato ao título de novo homem é decidido, vai atrás do que (e de quem) quer e é um romântico a moda antiga. Como assim? Agora não entendi mais nada. Moda antiga? Mas os homens à moda antiga não estavam por fora? A onda não era os caras moderninhos? Não é mais? Que volatilidade, hein?

Eu acho que vocês mulheres têm que parar com essa história de padronização de príncipe encantado. Homem é homem. Desde sempre. E não vai mudar. Homem gosta de futebol com os amigos, sentar num bar para beber e falar de mulher e futebol. Arrota. Até peida de vez em quando. É da natureza masculina. Assim como vocês não vão mudar. Vão ao shopping e gastam horas numa loja. Fazem a coitada da balconista desbancar a loja inteira e não levam nada se nada lhes agradar. Compram bolsas, sapatos e não perdem uma liquidação por nada desse mundo. Afinal nunca têm roupas em seus guardaroupas. Aqueles panos velhos? E se eu tiver que ir à festa do OSCAR?
Quer que sua mulher pareça uma molambenta ao seu lado. Você não me ama mais.

Falando nisso, além de tudo, nós pobres homens temos que aprender a ler pensamentos femininos. Explico. Se nos perguntam se estão gordas, não há resposta. É cilada. Se respondemos que sim, querendo demonstrar sinceridade, somos grossos. Se dizemos que não, estamos mentindo para agradar. Vai entender. Desisto.

Mulheres. Já treinaram a mira? Sou um alvo fácil. Pode ser que uma das pedras atinja minha cabeça e ative uma área de desenvolvimento e compreensão do universo do batom. Vocês precisam se decidir. Decidir o que querem de nós. Só não se esqueçam de nos contar. Ok? Ainda não conseguimos ler seus pensamentos. Também não temos bola de cristal. Não tenho nenhum receio de dizer que vocês estão perdidas, não sabem o que querem, e, talvez, quando descobrirem, larguem as pedras no chão.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Aquilo que não sei o nome (muito menos definir)

Os Namorados (Guilherme de Faria)
Perguntei a todos hoje. Da minha chefa, aos colegas, passando pela moça da limpeza e os vigilantes. Como chamo a sensação eufórica e subliminar por que passo durante a conquista da fêmea? Ninguém soube responder. Uns chamaram de euforia, outros de fogacho. Até tesão apareceu na roda.

Mesmo assim não me convenci. Acredito que o que estou sentindo (novamente) é uma reunião de todos esses adjetivos. Não sei definir. Só sei que é bom. Muito bom. O pior. Não a conheço. Pelo menos pessoalmente. Mas penso nela durante o dia. Quero conversar com ela no MSN. Até já me explico, perante a moça, porque não posso conversar com ela naquele dia. Futebol com os amigos.

Sabe aquela sensação que vai tomando o teu peito, tua boca, faz tremer os braços e as pernas, quando está para encontrar a criatura? O meu caso é mais grave. Não a encontrarei. A não ser virtualmente, mesmo assim é ótimo. Espero a hora, ansioso, do falar pelos dedos e pelo teclado com ela.

Há treze anos, mais ou menos não sentia isso. E isso é bom. Leitor, você sabe do que estou falando? Se souber me responda, qual o nome disso? Dessa sensação maravilhosa de se amar e se sentir amado. Não consegui descrever. Por isso escrevo. Escrevo o vocabulário que me falta. Busco incessantemente, como um bom jornalista, definir sentimentos. Ato falho. Não consigo. Mas é bom. Muito bom. Descobriu o que sinto?
Não? Pois é. É difícil definir. Perguntei a casados, que já passaram pela fase da novidade e da conquista. Não souberam responder. Perguntei a solteiros. Também não.

Difícil né? Uma questão essencial, diria eu. A essência da vida e do amor. Inexplicável. Cientificamente falando, neurotransmissores e hormônios que te fazem sentir-se bem. Dopaminas, adrenalinas, serotoninas e tantas inas mais que a ciência tenta explicar e que nem possuem definição. Já notou? Já sentiu isso por alguém? Tente definir numa palavra. Não consegue não é? Nem eu.

Eis o segredo da vida. E do amor. O que é bom não tem vocabulário. O que é verdadeiramente importante não se consegue falar. É divino. Não é humano, portanto intangível, inexplicável. Sem palavras.

Terminarei esse texto e não conseguirei exprimir o que estou sentindo por alguém que nem conheço na verdade. O Cara lá em cima sabe o que faz. Mistura num caldeirão os sentimentos mais puros. Lança sobre nossas cabeças o caldo. E sem mais nem menos nos vemos envolvidos. Em quê? Não sei. Sem definição. Sem nome. Simplesmente acontece. Espero que com você esteja acontecendo também. Seria muito bom. A prova de que sentir o que estou sentindo (e que achei que nunca mais iria) não necessita nome nem definição. Desde que seja puro, sincero e...recíproco. Aquilo que não sei definir é bom. Muito melhor com você.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Meus Marleys & Eu




Homem chora. Pelo menos até onde sei, eu choro. Esbugalho-me ao ver algo triste. As lágrimas rolam sem vergonha alguma. Molho a camiseta. Assoo o nariz melequento. Gasto uma caixa de lenços se preciso for. Asso o nariz. Lágrimas limpam os olhos da alma, purificam o espírito, exortam sentimentos, que correm como cachoeira pelos vales da face. Pra chorar você tem que ser muito macho. Pois só um homem de verdade expõe seus sentimentos. Lágrimas são as palavras dos olhos.

Estou lendo ‘Marley e Eu’. Pela terceira vez. É o quarto livro que compro. Gosto tanto desse livro que, para quem o empresto acabo dando. É meu livro escolhido. De cabeceira. Por quê? Porque fala sobre cachorro. Minha paixão. Tenho quatro. Os quatro aí de cima. Marley dá uma lição de vida sobre o que tem valor no relacionamento humano e animal. Fidelidade, lealdade, amizade, inteligência, impetuosidade, verdade, carinho, amor. Isso é o que realmente importa na vida. Viver tudo, o mais intensamente possível, como se o dia fosse acabar. Aproveitar a vida ao máximo.

Cada vez que leio esse livro surpreendo-me com algo que não havia notado anteriormente. Aprendo coisas novas a cada página relida. Aprendo o valor da vida, e o valor da perda. Por isso choro. Porque meus Marleys irão me deixar antes de mim. Isso é fato. Não há como mudar. Cada ano canino equivale a mais ou menos sete anos humanos. Meus cães estão chegando à meia idade. Partirão para os céus caninos antes que eu envelheça. Se você tem um companheiro canino, aproveite-o ao máximo. Você sentirá falta das lambidas dele, do mau hálito na sua cara, do rabo abanando (alguém disse que o abanar da cauda de um cão é o seu sorriso) pra você, dos pulos em seu peito para te abraçar. Das mordidas carinhosas em seus braços e pernas. Você sentirá falta. Eles ainda estão comigo e já sinto falta. Sei que chorarei a partida de cada um. Serão quatro choros. Isso já é fato também. Cabe a mim, e somente a mim, viver intensamente minha vida ao lado deles. Sorrir, divertir-me, brincar. Para que as emoções felizes superem e sufoquem a dor da perda. Perder sempre dói. Sempre.

Já perdi alguém que amava muito. Isso foi há um tempo. Doeu. Mas ensinou. Ensinou que nessa vida, ninguém é de ninguém. Ninguém possui ninguém. Somos INDIVÍDUOS. Nossos seres amados (humanos ou animais) vêm e vão. É a dança da vida. Cabe a nós cultivarmos sentimentos bons por todos.


Encontraremos-nos lá na frente. Onde a vida é eterna. Onde os sentimentos sobrepõem-se à materialidade. Onde o ser prevalece. Onde encontrarei os seres amados. E com certeza, eles estarão abanando o rabo e correrão ao meu (re)encontro, então matarei a saudades do amor, e chorarei como uma criança, chorarei de alegria, e minhas lágrimas dirão, pelos olhos da alma, o quanto fui e sou feliz.

Agradecimentos, agradecimentos...

Pessoal, sempre que posso costumo responder os comentários de vocês. Basta olharem nos posts.
Muito me honram com suas presenças nesse humilde caderno de rascunhos da alma.
Visitem e xeretem sempre que quiserem. Um escritor vive de seus leitores. Meu maior pagamento é o reconhecimento de vocês. Sejam todos bem vindos ao meu blog.

Com carinnho. Luciano.

domingo, 18 de janeiro de 2009

For butterflies, bees and all insects that pollinate my heart

Borboletas (Victor Chaves)




Percebo que o tempo já não passa
Você diz que não tem graça amar assim
Foi tudo tão bonito, mas voou pro infinito
Parecido com borboletas de um jardim

Agora você volta
E balança o que eu sentia por outro alguém
Dividido entre dois mundos
Sei que estou amando mas ainda não sei quem

[refrão]Não sei dizer o que mudou
Mas nada está igual
Numa noite estranha a gente se estranha e fica mal
Você tenta provar que tudo em nós morreu
Borboletas sempre voltam
E o seu jardim sou eu

Percebo que o tempo já não passa
Você diz que não tem graça amar assim
Foi tudo tão bonito, mas voou pro infinito
Parecido com borboletas de um jardim

Agora você volta
E balança o que eu sentia por outro alguém
Dividido entre dois mundos,
Sei que estou amando mas ainda não sei quem

[refrão]Não sei dizer o que mudou
Mas nada está igual
Numa noite estranha a gente se estranha e fica mal
Você tenta provar que tudo em nós morreu
Borboletas sempre voltam
E o seu jardim sou eu

[refrão]Não sei dizer o que mudou
Mas nada está igual
Numa noite estranha a gente se estranha e fica mal
Você tenta provar que tudo em nós morreu
Borboletas sempre voltam
E o seu jardim sou eu

Sempre voltam
E o seu jardim sou eu

A pedra filosofal


O Alquimista em Busca da Pedra Filosofal (quadro de Joseph Wright (1771))



A pedra filosofal era, e acredito que ainda é, um objeto que os alquimistas, na idade média, buscavam desenvolver. Ela teria duas funções muito simples. Transformava metais inferiores em ouro e seria responsável pelo Elixir da Longa Vida, uma substância que prolongaria a vida humana indefinidamente. É certo que essa pedra até hoje não foi encontrada, senão teríamos entre nós um cidadão com pelo menos uns 600 a 700 anos.

Alguns estudiosos dizem que a pedra filosofal é uma metáfora que os alquimistas utilizavam para tratarem de assuntos espirituais. A transformação de metal em ouro seria nada mais que a transmutação de um espírito inferior em superior. Lembremos que os alquimistas viviam na idade média, portanto falar em espíritos, almas ou qualquer assunto relacionado já bastava para transformar esses incipientes químicos em churrasquinho inquisitório.
Além disso, o detentor da pedra filosofal teria o direito de regozijar-se com o elixir da longa vida, nada mais que uma analogia aos estudos e preocupações dos cientistas da época com a saúde e medicina humana.

Teve um alquimista, que viveu no século XIV, um tal de Flamel. Reza a lenda que esse carinha descobriu o segredo da pedra e ficou muito rico, praticou a caridade e coisa e tal até que um dia morreu. Ele e sua esposa. Saqueadores entraram na casa de Flamel em busca da pedra mas, jamais a encontraram. Reza a mesma lenda que Flamel e sua esposa não morreram. Vivem até hoje. Juntinhos e felizes. Em suas tumbas foram encontrados somente restos de roupas no lugar dos corpos. Sortudo esse Flamel. Rico, eterno e...casado. Até hoje com a mesma mulher, espero.

Pois então, eu estou em busca da pedra filosofal. Não a pedra propriamente dita, mas o que ela representa. Hoje, adulto, e depois de 13 anos de relacionamento com a mesma pessoa, vi que, na verdade, não aproveitei minha juventude como deveria. Quero ir a shows, pular que nem criança. Encher a cara. Ir às baladas. Chegar de manhã cedo em casa. Dormir até o meio dia. Mas engraçado, não consigo fazer isso sozinho. Sempre curti mais as saídas a dois. Casal. Casais. Que graça tem ir ao show da Alanis sozinho? Você lá e mais 25.000 pessoas, 25.000 estranhos. Comentar o show com quem?

É aí que entra a pedra filosofal. Ao possuir o elixir da longa vida, poderei eternamente ser jovem. Ao seu lado. Você também. Juntos. O tempo que resta de nossas vidas. Inconseqüentes, diria. Aproveitarmos o máximo.

Depois que me separei achei que havia encontrado a pedra. Acho que encontrei. Mas não sei por que cargas d’água ela não está comigo? Quer ser de novo minha pedra filosofal, o Elixir da nossa longa vida? Sonho e desejo, realmente, que sim.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Textos, textos e mais textos...

Quatro dias sem escrever. Para cumprir minha promessa (um texto por dia), peguem logo três.
Boa leitura.

Estar radialista. Não. Ser radialista


Estar radialista. Não. Ser radialista


Lembro-me até hoje. Meu pai tinha um rádio AM gigantesco. De ondas curtas, médias, longas e outras mais. Lembro que à noite, no quartinho da despensa de nosso apartamento em Passo Fundo, meu pai ligava o rádio para escutar a rádio gaúcha de Porto Alegre. Não sei se foi ali, mas acredito que sim, que começava a brotar uma paixão que levo até hoje pelo rádio.

O rádio é mágico, teatral. Roquete Pinto, fundador da primeira emissora de rádio do país, definiu o rádio assim:

“O rádio é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças; o consolador do enfermo; o guia dos sãos, desde que o realizem com espírito altruísta e elevado”.

Para ser radialista, você tem que ser um artista. Um malabarista das palavras. Trapezista das frases. Mágico nas interpretações. A voz. Foi-se o tempo que voz de veludo era essencial para ser radialista. Ela ainda é chave de muitas portas. Mas, conteúdo, inteligência, criatividade e certo dom teatral, hoje, são os instrumentos para um bom locutor.

Talvez por isso faça jornalismo. O rádio é meu vício. Minha heroína. Estou viciado no rádio. O som corre em minhas veias, como um narcótico entorpecente. O rádio entorpece, faz sonhar, faz imaginar. Saber que as pessoas te ouvem, que esperam a informação da tua voz. Que te preferiram no DIAL dos seus receptores. É uma honra. E uma tremenda responsabilidade.

Todo mundo tem um rádio. Até o morador de rua tem um rádio. Ele não tem casa. Mas faz do rádio sua morada, onde escuta seu companheiro todas as noites, para saber como foi o dia. O rádio acompanha o solitário. Alegra o deprimido. Estimula o notívago. Balança o berço do trabalhador. Põe para dormir o estudante.

É o auxiliar de cozinha da dona de casa. Faz companhia para o passageiro do ônibus. É o tranqüilizante do motorista na hora do ‘rush’. É bálsamo para os sequiosos por informação. É o DJ particular, 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano.

O rádio não tira férias, não adoece nem se aposenta. O rádio é vivo. E suas vozes. Bem, suas vozes são sua alma. Rádio e radialista são um único ser. Simbiose perfeita. Corpo e alma. Por isso, impossível estar radialista, mágico é ser radialista.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A mulher

Imagem do filme 'Heart of a Lioness'
Se me perguntarem: qual o tipo de mulher que te atrai?

A resposta: uma mulher como Saba Douglas-Hamilton. E quem é Saba Douglas-Hamilton?

Até a semana passada não a conhecia, e ainda não a conheço pessoalmente. Ao fuxicar pela internet encontrei um vídeo do Animal Planet (um canal do Discovery Channel) no site do MSN. O nome do filme? “Heart of a Lioness”, ou seja, o coração de uma leoa. O vídeo é sobre a estranha relação de uma leoa que adota um filhote de órix (antílope). Normalmente antílopes são a refeição de leões. Por dezesseis dias Saba e sua equipe acompanharam a leoa e o filhote pelas savanas africanas. Ponto para ela. Persistência. Primeira qualidade. Saba é formada em antropologia social, nasceu na África e ama a vida selvagem e os animais. Mais um ponto. Amor aos animais. Além do mais Saba é inteligente, perspicaz, corajosa e...muito importante, é uma mulher muito bonita. Não se engracem por ela. Saba já é casada. Sorte desse marido. Tem uma mulher especial ao seu lado.

Bom, o vídeo me fez pensar em várias coisas. O desafio à lei da natureza. A importância de, às vezes, ousarmos, quebrarmos regras. Mudarmos paradigmas. A maternidade, o amor de uma mãe por um filho, mesmo esse filho não ter saído de seu ventre. Admiro a leoa. Admiro Saba. Admiro mulheres fortes. E ao mesmo tempo amáveis. Como a leoa do filme. A resistência dessa leoa contra a natureza me faz pensar que Deus coloca esses exemplos para que possamos ver que é possível vivermos em paz. Caça e caçador.

A leoa e o filhote de antílope ficaram por dezesseis dias juntos. Nesse período a leoa não se alimentou, o filhote também não. No final...bom o final eu não irei contar. Assistam ao vídeo. Está lá:
www.msn.com.br, entrem em vídeos, Discovery channel, animal planet. Tenho certeza de que irão gostar.

Mas o assunto é o meu tipo de mulher. Não gosto de mulher oca. Sem conteúdo, sem conversa. Você pergunta algo e ela responde: - pra mim tudo bem. Ou: - pra mim tanto faz. Odeio isso. Mulher tem que ter opinião. Dizer se está bom ou ruim. Se quer comer cachorro quente ou ir ao restaurante francês caríssimo. Como Saba. E a leoa. Ambas têm objetivos de vida. Ambas têm metas. Ambas sabem o que querem. Mesmo que isso signifique ir de encontro à natureza.

Mulheres leoas. Felinas, garras afiadas, precisas, certeiras, predadoras por natureza. Maternas por natureza. Ta aí a mulher que me atrai. Pena Saba já ser casada. Pena mesmo.

Luiz bala de goma


Semana passada assisti ao Patrola, um programa da RBS TV. Em dado momento uma entrevista da Rodaika (apresentadora) me chamou a atenção. Era sobre um vendedor de bala de goma do centro de Porto Alegre. O nome do cara é Luiz, mais ele é mais conhecido pela clientela como Luiz bala de goma. Pois então, o Luiz além de vendedor de bala de goma é agente financeiro de uma empresa no centro da cidade. Pera aí? Eu não troquei a ordem das coisas? Será que o Luiz não é agente financeiro e, também, vende bala de goma? Não. Aí é que tá. O que me chamou a atenção na reportagem foi exatamente isso. O Luiz disse que não vê a hora de sair do trabalho, de terno e gravata, e procurar seus clientes nas filas das paradas de ônibus do centro da capital para faturar com a venda dos doces.

Cara! Olha só isso! Um cara que, para a economia brasileira, engorda os números de empregos formais, vendendo bala de goma na rua. E o pior (pior por quê?), de terno e gravata. O Luiz disse uma coisa durante a entrevista que, para mim, foi o mais importante. Ele disse algo como:

- Que me adianta trabalhar de terno e gravata, ficar parecendo uma coisa que não sou, e viver duro? Um dia vi uns garotos vendendo balas nas ruas e me perguntei? Quanto será que eles ganham? Fui atrás e vi que o lucro era de 100%. A partir daí comecei a vender balas de goma também. A diferença é que não sou criança e trabalho de terno e gravata.

O pessoal no começo estranhou. Um cara de terno vendendo bala de goma? Só pode ser piada. Mas depois os clientes foram entrando na onda do Luiz e já não estranham mais aquele negrão de mais de 1,90m, todo bem vestido, segurando caixas de balas num braço e acenando com a mão, oferecendo seus doces para o pessoal. Dois pacotinhos de bala, só 1 real.

Não bastasse essa esquisitice, o Luiz já foi candidato a vereador em Porto Alegre (fez pouco mais de 190 votos), e o melhor, e aí vem a parte mais legal do negócio. O Luiz filma suas vendas e conversas com os clientes, com seu celular, e depois joga no You Tube. É só procurar lá. Coloca assim: Bala de goma em Porto Alegre. Tem dezenas de vídeos engraçados do Luiz e seus clientes.

Aonde eu quero chegar com toda essa história? Pois bem, o Luiz é um cidadão que a partir da semana passada tem minha admiração. Por quê? Porque ele não tem vergonha de trabalhar. Não esconde sua verdadeira condição financeira pelo fato de trajar um terno. Ou seja, o Luiz não falseia, não mente, pelo menos nisso. Uma vez, Everton Cunha, o Mr. Pi, locutor da rádio Atlântida FM, disse isso:

- 99,9% das vezes nós somos hipócritas. As outras 0,01% é quando dizemos que somos hipócritas.

O Luiz, talvez, seja menos hipócrita que o restante de nós. Porque ele não tem vergonha de correr atrás de sua sobrevivência. Ele enxerga oportunidades de crescimento em atividades que, para muitos de terno e gravata, são trabalhos menores. Não servem para suas mentes privilegiadas. O Luiz não, o Luiz agarra a oportunidade e trabalha com ela. E daí que os amigos riam dele? O importante é tentar melhorar de vida. Ganhar dinheiro para realizar seus objetivos. Garanto-lhes que, vendendo bala de goma e sendo agente financeiro, o Luiz está melhor de vida que muito colarinho branco por aí. Quem de nós já não recusou trabalho por achar que era menor que nosso próprio ego? Quem de nós já não se favoreceu em algum momento da vida? Quem já não se usou de conhecidos para arrumar um bom emprego? Quem já não furou fila? Quem já não vendeu um carro e escondeu os problemas que ele tinha? Alguns irão dizer que o mundo de hoje é que nos força ser espertos. Querer levar vantagem. Porque senão somos atropelados pelos outros. Pode até ser. Mas o que nos torna diferentes, então de ladrões, assassinos, seqüestradores, traficantes e todo o resto?

Talvez um simples vendedor de bala de gomas tenha a resposta. Pelo menos ele é um pouco menos hipócrita que o restante de nós.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Vestido

Vestido é uma das peças mais sexy da indumentária feminina. Mulheres com vestidos das mais variadas formas, estilos e, principalmente, tamanhos, são um presente dos deuses a nós homens. O vestido feminiliza. A calça, masculiniza. Salvo os fetiches por couro.

Adoro mulher de vestido. Pode ser também minissaia. Veja bem, minissaia não microssaia. Minissaia decente (existe?) é aquela que mede até dois palmos (abertos) abaixo da cintura. Cobre o que tem que cobrir. Descobre o que tem que descobrir. Permite a nós observadores imaginarmos o que se esconde sob ínfima peça de pano. Apesar de já sabermos, cada mulher é única. Difere até mesmo em sua intimidade. É isso que as torna atraentes. É isso que o vestido provoca nas mentes masculinas.

Um dos meus preferidos é aquele um pouco acima dos joelhos. Ah! Os joelhos. Verdadeiro portão de Brandeburgo, muro de Berlim prestes a ser derrubado em prol da unificação dos povos...digo dos corpos. Arco do triunfo onde Napoleão com certeza perde a guerra.

Os homens dificilmente olham os joelhos femininos com o devido valor. Joelhos simétricos, redondinhos e que por muitas vezes, são a fechadura que abrimos ao apoiarmos nossas mãos neles antes de nos deleitarmos em uma noite de amor. Uma salva de palmas aos joelhos femininos, que por diversas vezes são deixados de lado pela insensibilidade dos machos.

Bom voltando aos vestidos. Sempre gostei deles. Nas mulheres, lógico. Quando minhas namoradas colocavam vestidos para sairmos, sabia das pretensões delas. Eu, claro, adorava. Certa vez uma namorada minha colocou um vestido azul, floreado. Lembro-me até hoje. Mas o melhor. Sem calcinha. Foi uma das melhores transas que tive. Aliás, aviso às mulheres de vestido. Homem observa e sabe quando vocês estão vestidas, somente e tão somente, de vestido. E achamos um tesão. Agora no verão, então, vestidos dos mais variados formatos, tamanhos, cores, estampas. Frentes únicas, tomara que caia (tomara mesmo!), de alcinha e tantos outros. Ainda mais acompanhado de uma sandália de salto. Ou uma rasteirinha (hummm, saída de banho na praia, pele bronzeada, coxas torneadas, corpo efervescente), quer algo mais excitante?

O vestido é a carteira de identidade da mulher. Se você reparar bem, ao olhar e analisar o vestido de uma mulher pode-se descobrir muito de sua personalidade. Vestidos esvoaçantes, mulheres esvoaçantes. Vestidos ‘cheguei’, mulheres extrovertidas. Vestidos com estampas fortes, mulheres de personalidade forte. O bom do vestido é a individualização de seu recheio. Calça jeans padroniza. Vestido torna (a mulher) única.

Que bom que o verão e seus vestidos chegaram. Cabe a nós homens aproveitarmos os próximos três meses. Mulheres sigam o conselho do presidente. Consumam vestidos. A economia, nós e o mundo agradecemos.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Tua beleza, (em) Porto Alegre


Acredita que essa foto é de um lugar encravado no meio de duas ruas movimentadíssimas de Porto Alegre? O nome do lugar é Praça SHIGA, uma homenagem da província japonesa, de mesmo nome, ao município. Uma forma que o governo japonês da província encontrou para selar a integração entre japoneses e gaúchos. Um presente do povo do outro lado do mundo. Considero um presente dos deuses. Porto Alegre é uma das capitais com maior número de praças por metro quadrado. E também uma das capitais mais arborizadas do planeta.

Não conheço a Praça SHIGA. Mesmo assim já gosto dela. Já a considero um dos meus locais preferidos aqui na cidade. Mas saiba de uma coisa. Não vou lá. Não enquanto não me acompanhar. Programa assim é pra ser feito a dois. Ouvir a pequena cascata. Subtrair os ruídos da metrópole. Entrar de corpo e alma em um momento de paz a dois. Namorar ouvindo os pássaros, vendo as flores, molhando os pés no pequeno lago.

Essa praça fica perto de casa. Não o suficiente para ir a pé. Mas próxima o bastante para ser o nosso local. Melhor ainda se pudermos levar nossos filhos. Tenho certeza de que gostará. Eles também. Por isso não fui lá ainda. Espero-te. Espero nossas crianças. Sei que um dia meu sonho tornar-se-á realidade. Talvez um dia venha até mim. Convencida de que o melhor é ficarmos juntos. Convencida de que gosto muito de ti. Mas espero que também descubra que gosta de mim. Esse é meu sonho. Sonhar não é proibido.

Sei que você existe. Em algum lugar. Talvez já a tenha visto. No cruzamento de alguma esquina, talvez já tenha esbarrado em ti e nem reparei. Talvez já tenhamos nos beijado. Talvez já tenhamos experimentados nossos corpos. Talvez já vivemos algo juntos. Talvez não te conheça ainda. Talvez te espere para ser a mãe de nossos filhos. Talvez você venha morar aqui. Talvez já more. Nada tenho de concreto. Somente a vontade e o desejo de conhecer a praça. Tenha certeza de algo, só a conhecerei quando te levar lá. Só a conhecerei, de verdade, quando te beijar na ponte, ao som dos bem-te-vis e sentindo o aroma das flores. Aí sim poderei dizer: viva o povo japonês, viva o governo de SHIGA, viva a cidade das praças!

Escrever, escrever, escrever


Propus uma meta a mim mesmo. Escrever um texto por dia. Preciso praticar, afinal, jornalista que não escreve, não é jornalista. O blog é meu editor. Ele é quem me diz se cumpri a pauta do dia ou não. Basta olhar na última data de postagem. Tem que ser a data de hoje.

Pois bem, passei o dia inteiro em casa, pensando no que escrever. E, droga, não me vinha nada à cabeça. Sempre achei escrever uma tarefa fácil e prazerosa, mas que diabos! Hoje não sei sobre o que escrever. Pensei em escrever sobre a praça na frente da minha casa. Quem sabe a história de um crime na praça. Amassei o papel virtual do meu notebook e mandei-o pra lixeira. Ah! O clube ao lado da minha casa. Certamente dá uma boa história. Tantos casamentos e festas de quinze anos que não me deixaram dormir aos sábados à noite por causa do som alto da festança. Ficava e fico imaginando a festa, os convidados, a valsa, os noivos, a debutante. Monto a festa na minha cabeça. Tá aí uma boa história. Merda! Não gostei. Não to inspirado.

Quem sabe a minha ida ao supermercado? Uma das poucas atividades sociais a que tenho me dedicado, visto morar sozinho, estar solteiro, recém chegado na cidade, ainda sem amigos pras festas.
Chego a me arrumar como se estivesse indo para a noite. Afinal o super é um bom lugar pra paquerar. Você chega ao lado daquela loira escultural (prefiro o tipo mignon), cabelo comprido até a cintura, cheiro de xampu. Ela olha as marcas de sabão em pó e você sutilmente dá a sua opinião sobre a marca. Fala que o tal sabão é bom para roupas claras, mas não limpa as escuras. Sei lá. Inventa um papo pra puxar conversa. E aí vai.

Péssimo assunto. Pelo menos hoje me parece. É, hoje tá difícil escrever. Cruzes! Estou até abusando da ortografia informal. Melhor dizer. Hoje ESTÁ difícil escrever. Viu? Difícil. Escrever é colocar a boca e a língua na ponta da caneta. Ou nos dedos no teclado. Se os dedos falassem como a boca, seria muito mais fácil escrever. Afinal seria o mesmo membro o responsável pelo poder da comunicação. Já pensou. Todos falando e escrevendo pelas mãos. Que inveja dos surdos e mudos.

O jornalista Ricardo Noblat disse que para ser um bom jornalista treino é fundamental. Quanto mais você escrever e reescrever um texto um pouco menos pior ele vai se tornando. Até que um dia possa ser que fique bom. Ele diz que até hoje detesta seus textos e que se pudesse e tivesse mais tempo reescrevê-los-ia. O que é que sobra para nós pobres jornalistas (ou futuros) mortais se para o Noblat o texto dele ainda é ruim? Bom, mais um motivo para eu treinar muito.

Ei! Olha para cima. O que você vê? Não é um texto? Não. É uma tentativa. Certamente depois de postá-lo o lerei novamente e pensarei: que merda de texto! Tenho que treinar mais. Escrever, escrever, escrever. Tal é a lei.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A liquidação

O noticiário de hoje apresentou, em todos os telejornais, sem exceção, as grandes liquidações. Aqui, no Brasil, e também no Oriente Médio.

Enquanto milhares de pessoas dormiam ao relento em frente às grandes lojas de departamentos do país, para serem os primeiros a aproveitarem a queima de estoque, outros milhares tentavam dormir ao som dos fogos que varavam a madrugada na noite árabe-israelense. Aliás, provavelmente, estavam rezando pra que a liquidação cessasse. Por um único motivo. Em pleno século XXI, o ser humano ainda se compraz em liquidar. Liquidar futilidades, estimulados por uma senda consumista que assola o ocidente e liquidar...pasmem...vidas humanas. Aproveitem, só hoje, dez crianças palestinas mortas. Liquidação, com o perdão do trocadilho, bombástica.

Enquanto isso, os brasileiros, assim como os demais países ocidentais consumistas estavam mais preocupados em não perder a liquidação de eletrodomésticos, que REALMENTE NECESSITAM. Como ficar sem minha mega-hiper-super TV de LCD de 200 polegadas, só por mil reais? Eu não posso perder essa OFERTA. Além de tudo consumidor é burro. Por quê? Porque se as pessoas parassem um minutinho pra pensar, veriam que:

Primeiro: nenhuma loja vende um produto por um preço menor do que comprou.
Segundo: nenhuma loja abre suas portas para vender e ter prejuízo.
Terceiro: nenhuma loja deixa de embutir os impostos para o governo no produto que você compra.
Quarto: se uma loja anuncia até 70% de desconto, já imaginou qual é o lucro dela fora da liquidação?
Mas ninguém para pra pensar nisso. Era só deixar de comprar fora dos períodos de liquidação. Aí as lojas se obrigariam a baixar os preços. Concorda? Muito difícil isso acontecer. A humanidade busca seus valores no consumo. Preenche suas frustrações na obsessão pelo ter. Comprar virou terapia. Melhor que psicólogo.

Já na liquidação do lado de lá, o ter também conduz os atos da grande empresa israelense. Ter o poder sobre o mais fraco. Ter a soberania do território. Ter a terra só para si. Ter a água, só para si. Nessa liquidação de vidas humanas, israelenses chegaram de madrugada para arrematar os territórios. Os palestinos dormiram no ponto. Estão no fim da fila. Nem por isso deixam de brigar para adquirirem o que lhes é de direito (segundo os próprios).

Na TV vi um cara que se abraçou em duas TV’s de LCD. O repórter ao perguntar quanto custavam os produtos recebeu a seguinte resposta do cidadão:

- Sei lá. O que importa é que essas duas são minhas.
- E como você vai pagar?
- Isso a gente vê depois.

Outra moça. Comprou, por ex-tre-ma necessidade, quatro, eu disse quatro, ferros de passar roupa. No mínimo irá doar três pro bingo da igreja. Óbvio. Como não pensei nisso antes?

Ao ver as ofertas pela tela da TV, me pergunto. Aonde a gente vai parar? Qual o valor das vidas humanas que se perdem diariamente em conflitos que já perderam o sentido há muito? Como é possível centenas de pessoas se aglomerarem e desembestarem como bois no brete para irem às compras? Tem algo muito errado nisso.

As vidas humanas perderam o valor. Desvalorizaram. Não é de se estranhar, portanto, que estejam em liquidação.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Flerte


O flerte é o suprassumo (já na nova ortografia – adeus hífen) de um relacionamento. Já notou a excitação dela e dele ao se verem, ao fixarem os olhares, ao encompridarem um olhar e um sorriso que, se receberem retorno faz disparar os coraçõezinhos enamorados. O flerte não tem idade para acontecer. Até mesmo na melhor idade ele dá seus ares. Aliás, eles, os integrantes da melhor idade são os maiores e melhores flertadores que conheço. Acho que tanto homens como mulheres deveriam fazer um curso de flerte com esse pessoal da terceira idade.

O olhar e o sorriso (o flerte do rosto)

Bom, por que cargas d’água eu to falando nisso? Óbvio, porque não percebo mais as pessoas flertando. Não como era antes. Quer dizer, eu posso ser um péssimo observador, mas o romantismo do flerte, esse faz tempo que não vejo. Já falei que cabe às moçoilas de hoje (sempre foi assim) escolherem seus pares, então é delas o princípio do flerte ou do retorno do mesmo ao se verem flechadas por um olhar mais espichado ou por um sorriso mais contundente. Na minha época (cruzes, como isso soou velho), o flerte tava com tudo. Era tão bom, e ainda é, olhar alguém com aquele rabo de olho, tomar a coragem nababesca de fixar o olhar na vít...digo no ser amado, mas melhor ainda é receber o retorno. Quando o outro encontra seu olhar e corresponde. Nossa isso é muito bom, é o auge da conquista. O corpo todo treme, a gente fica meio sem saber o que fazer, é um misto de calor, frio, alegria, tontura e outras cositas mais.

O corpo fala (o flerte do corpo)

Flertar é o engatinhar da paquera, que é o próximo passo. O cidadão que flerta e é correspondido fica na obrigação de conversar com a guria, e daí, quem sabe, convidá-la para um passeio ou um jantar. E quando ele ouve um sim, bom aí tem a certeza verbal do que os olhos e os dentes já haviam falado. Sim, o corpo fala, e a gente, muitas vezes, não percebe isso nos outros. Se prestássemos mais atenção no que o nosso e no que o outro corpo dizem talvez não gastássemos tanta saliva. Guardaríamo-na para os fortuitos ósculos com o ser adorado.

Andar de bicicleta

Acho que esqueci como se flerta. Alguém me ensina? Pelo menos o que acredito ser um flerte não tem produzido os efeitos desejados. Também posso estar direcionando meus olhares às meninas erradas. Deve ser isso. Ou estou enferrujado. Faz tempo que não precisava fazer isso. Mas é como andar de bicicleta. Não se esquece, e daqui a pouco se tiram as rodinhas e consegue-se equilibrar novamente.

A cantada (o pós-flerte)

Depois do flerte vem a paquera. E ela necessita de uma ferramenta interessante para estabelecer-se. A cantada. Não falo daquelas cantadas prontas, de caminhoneiro, que a gente ouve por aí, mas sim da cantada sutil, que afaga o ego, conquista território e faz com que a pres...ops a pessoa se interesse por você. Cantada é tarefa masculina. Mulheres também a utilizam, aliás, com primazia. Uma cantada feminina bem dada vale por umas mil masculinas. O repertório deve ser grande, mas a que mais funciona é a espontânea, aquela em que o sujeito pega um gancho e larga. Cantada boa tem bom humor. Requisito básico para as mulheres se interessarem por nós. E não vale cantada repetida. Homem tem mania de repetir cantada. Se deu certo com uma vai dar certo com a outra, certo? Errado. Pior ainda se a mulher descobrir que você já utilizou a cantada antes. Meu amigo, mulher gosta de ex-clu-si-vi-da-de. Entendeu? Pior que já vi mulher repetindo cantada. Aí é pakabá.

O resultado do flerte

Cantada aceita, risinhos e enrubescimento dos apaixonados vem o momento mais inebriante da conquista. O resultado do flerte. A aprovação, no vestibular afetivo, do olhar e do sorriso. Ele, senhoras e senhores, rufem os tambores, o BEIJO. Não qualquer beijo, o primeiro beijo, o que arrepia o corpo, dá uma pontada no peito, dispara o coração. O beijo na boca que fora dado há muito, pelos olhos e pelo sorriso. O beijo é o filho do flerte.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A síndorme do príncipe encantado


Você já ouviu falar da síndrome do príncipe encantado? Não? Talvez não a conheça por esse nome, mas, certamente, conhece ou conheceu alguém que já passou por isso.

A primeira coisa a se definir são os sintomas dessa enfermidade. Primeiro: é uma doença exclusivamente feminina. Segundo: acomete suas vítimas por volta dos 13 ou 14 anos, mas, não se espante se conhecer alguma mulher mais velha que desenvolva tal patologia, o vírus da idiotice não tem idade para atacar. Continuando, por terceiro: a vítima desenvolve uma cegueira contumaz e ininterrupta para o parceiro. Não adianta colírios, conselhos ou o que for. A mulher com essa síndrome só tem olhos para um cara, e olhos generosos, mesmo que o tal não valha um vintém.

Conheço duas pessoas que portam esse vírus em seus corações. E desenvolveram o grau mais patológico e de maior virulência da enfermidade. Seus pretensos príncipes encantados são sujeitos da pior espécie. Como diria o escritor gaúcho Fabrício Carpinejar, “um CRÁPULA, que define o mau-caratismo indelével, ou o CAFAJESTE, alguém que não presta nem para ser canalha, de índole egoísta e aproveitadora”.

As mulheres submissas a esses herdeiros monárquicos desenvolvem um grau de idiotice e tolice nunca antes visto pela ciência. Apesar de saberem que o cara tem uma mulher em cada porto ou cidade, mesmo assim acreditam piamente que elas é que são o amor da vida deles. Eles só não sabem disso ainda. E que quando casarem com elas mudarão como um milagre cristão, tornando vinho o que era água. O que desconhecem é que é mais fácil a água virar vinagre, daqueles bem azedos, intragáveis.

Mas há algo pior. Algumas fêmeas humanas são verdadeiramente humilhadas, achincalhadas, espezinhadas, visto que a maioria dos nobres deixa bem claro não querer nada sério com elas. Apenas passatempo para satisfação pessoal e sexual. Se a mulher adoentada aceita essa condição é sinal que a cegueira já se instalou. Algumas ainda desenvolvem certo grau de surdez (só ouvem o que lhes interessa, ou seja, elogios do sapo transformado) e, além disso, outro sintoma recorrente é o da desmemorização. A vítima só lembra-se de bons momentos ao lado de seu amado. Não se recorda das humilhações passadas, das esperas infindáveis em motéis (se o príncipe possui princesa, e, na maioria das vezes possui) que muitas vezes acabavam em solidão. Faz questão de esquecer que é a outra e tem um pensamento obsessivo-compulsivo de que se tornará a Sra. PRINCESA, destronando quem realmente tem o sangue real.

Como todo vírus que se instala, ele chega sorrateiro, normalmente as vítimas não se apercebem de que serão infectadas. Um festival de elogios, sorrisos, cantadas românticas, presentes, flores, tudo para que a doença se instale vagarosa e silenciosamente no coração da enferma. Não há medidas preventivas, muito menos vacina. Após o contágio a única esperança de salvação é que a vítima quebre a cara o quanto antes, para que possa olhar para o lado e ver quem realmente a ama e lhe trata como deve. O tratamento é doloroso e penoso para as adoentadas. Muitas vezes levam anos para se curarem. Umas morrem e vão para o túmulo, infectadas, sem terem tido a chance de se livrar dessa maldição.

Não há na literatura médico-romântica um só caso de conversão do sapo cafajeste em príncipe encantado. Mulheres cientistas estão à procura da fórmula que consiga transformar sapos em príncipes.

Além disso, nunca soube-se de um caso inverso, ou seja, um macho com a síndrome da princesa encantada. Os homens parecem ter defesas naturais contra o vírus. Talvez porque o romantismo há muito abandonou os corações masculinos. Ou talvez nunca tenha verdadeiramente se instalado. De certo e positivo, somente que não são todos os homens alvos dessas mulheres desmazeladas, alguns exemplares masculinos da raça humana ainda valorizam e sabem amar uma mulher. Mas, de que adianta? Pois ao que parece tais homens só se apaixonam por mulheres doentes.