domingo, 22 de junho de 2008

Hoje eu compreendo os palhaços


Lembro-me como se fosse hoje. Eu e meu pai indo pro circo. Cheiro de pipoca no ar. Valia a pena ver os leões nas jaulas antes do espetáculo. Arquibancadas de madeira, simplesmente soltas em armações metálicas. Dava um medo de cair. Antes do começo do show, crianças impacientes, pais alegres e prestativos com seus filhos. Clima de alegria familiar. Cheiro da serragem.
Começa o espetáculo. Malabaristas, mágico, trapezista, cães adestrados, globo da morte (espetáculo brasileiro sabiam?). E finalmente eles. O mais esperado por todas as crianças. Nunca tive medo deles. Achava engraçado. Ria pra valer. O Senhor Palhaço.
Fantasiado com suas grandes calças e enormes sapatos. E, não entendia o porquê, de estarem maquiados, quase mascarados. Meu pai dizia que era pra deixá-los mais alegres. Fazia parte do figurino.
Porém, depois que cresci, comecei a olhá-los de modo diferente. Parecia que os palhaços pintavam a cara pra assumirem um papel. Atores responsáveis pela alegria dos outros. Mas por que diabos esconder o rosto?
Hoje eu compreendo. Toda a máscara tem a função de esconder algo. Como a função do palhaço era divertir os outros, o ser por trás da maquiagem não podia deixar passar nenhum outro sentimento que não a alegria. Portanto, ao pintar seu rosto, o palhaço escudava-se em tintas e adereços para esconder sentimentos alheios à alegria.
Hoje eu compreendo os palhaços. Coloco o bom humor a todos. Fantasio minha tristeza, maquio minha saudade, travisto-me de alegria e palhaçadas. Mas no íntimo, hoje, mais que nunca, eu compreendo os palhaços.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Carta-Convite para um fim de semana romântico

Foto: Alvarélio Kurossu

Quero te convidar para comigo ir à serra catarinense nesse final de semana. Vamos curtir o frio juntinhos. Acordar pela manhã, em um bom hotel e tomarmos um café da manhã delicioso, recheado de guloseimas que nossa academia na segunda feira será testemunha de nossos excessos.
Quero te convidar para vermos a geada nos campos, comermos pinhão, namorarmos sob as árvores congeladas, testemunhas de nosso amor tão quente que não permite sentirmos frio.
Quero te convidar para ser minha companhia à noite, dormirmos abraçadinhos enrolados em cobertas e mais cobertas, sob a luz da fogueira crepitante de uma ardente lareira. Tão ardente como o fogo de nossa paixão a consumir nossos corpos suados após fazermos amor sob os lençóis.
Quero te convidar para reatarmos pendências. Esquecermos compromissos, discussões sérias e o que mais torna nossa vida chata e responsável. Ao contrário, quero ser irresponsável contigo, brincarmos nas ruas geladas de alguma cidadezinha perdida, como as melhores cidades européias nessa época do ano.
Fica aqui meu convite. Sabe como me responder. Não é mesmo?
Espero ouvir teu sim, um sim de muitos que ainda virão. A saudade nos consome. Não é justo estarmos separados. Juntos passamos o pior dos invernos, juntos nosso calor nos protege, juntos somos felizes e você sabe disso.
Espero que aceite meu convite. Espero tua carta resposta. Tão quente que espanta esse frio louco que me cerca. O frio do meu coração.
Assinado. Lu.

domingo, 15 de junho de 2008

O que as mulheres querem (ou esperam) de nós?

Tô pegando emprestado a foto tirada pela minha amiga Virgínia Cardoso...Valeu.


Juro que não entendo. O quê? As mulheres. Acho que Deus não fez o homem pra entender a mulher (e vice-versa). O que elas esperam de nós? Nós homens, que nos últimos 30 anos vimos as mulheres desse planeta provocarem uma revolução cultural, econômica, social e principalmente igualarem-se a nós nos mais variados aspectos (não que antes não pudessem). Pois bem, essas mesmas mulheres que amamos (e às vezes odiamos) me confundem. Ouço, por todo o canto, mulheres insatisfeitas com os homens de hoje, com a falta de romantismo, sensibilidade e compreensão do universo feminino, por parte de nós, machos. Será? Ou será que elas não sabem o que querem?
Falo isso porque me considero, sinceramente, um cara meio diferente. Faço minha parte para tentar entender e conviver com vocês mulheres. Mas não é o suficiente. Exemplo:
não é suficiente querer compromisso sério, casar, filhos, vida a dois, discutir relacionamento (sim, já conseguims fazer isso, sabiam mulheres?), fazer supermercado e até ir na farmácia comprar tampax. Além disso tem que ser um leão na cama, acho.
Mesmo assim não ta bom. Putz. Que que falta? Se vocês (homens e mulheres) souberem a resposta, por favor, me digam.
Dizem elas, pelo menos ouvi isso, que têm que ter paixão, apaixonar-se pelo homem certo (existe isso?). Do contrário, não adianta você ser o Don Juan da modernidade. Pode ser o cara mais cafajeste, se tiver paixão, tá tudo bem ??? Mas, e sempre tem um mas, aí eu ouço: o fulano não me valoriza, eu faço tudo por ele e ele me trai, não ta nem aí pra mim.
Mas quando aparece um que está aí pra elas, não serve, não tem paixão. Aí vem a generalização: homem nenhum presta. São todos iguais mesmo. Só mudam de endereço.
Será que vocês mulheres não ficaram exigentes demais, poderosas demais, a ponto de acreditarem que o príncipe encantado pode aparecer? Eu acredito que sim.
Mas quem sou eu? Só sou mais um homem, que tenta entender vocês. Tenta descobrir o que vocês querem ou esperam de nós. Na próxima encarnação já decidi, quero vir mulher, quem sabe assim consigo?

domingo, 8 de junho de 2008

Da série...Português é tão difícil???...nº IV


Continuando...erro de concordância...Mas quem sabe um professor de português alugue um quarto?...Hehehe

sábado, 7 de junho de 2008

Tua Falta...



Achei que não sentiria tua falta, afinal foram “só” dois meses...
Verdade, os últimos dois meses mais intensos e felizes ao lado de alguém...
Mas não o suficiente pra sentir tua falta...
Dois meses de risadas, viagens, noites intermináveis de amor...
Mas não o suficiente pra hoje sentir tua falta...
Cafés da manhã, McDonalds, cafés da tarde...
Mas não o suficiente pra sentir tua falta...
Beijos, carinhos, cafunés...
Longas conversas, sobre todos os assuntos...
Mesmo assim, não o suficiente pra sentir tua falta...
Planos, projetos, filhos...mas não o suficiente pra sentir tua falta...
Trabalharmos juntos, no que gostamos de fazer...
Visitas às famílias...testemunhas de algo bom entre nós...
Mas não o suficiente pra sentir tua falta...
Sonhos, alegrias, tristezas, na saúde na doença...
Como um casal que troca juras de amor eterno aos pés do altar...
E prometem viver felizes para sempre...
Mas não o suficiente pra sentir tua falta...
Amor, amor, amor, amor...não o suficiente...
Mas como eu disse lá em cima:
Achei que não sentiria tua falta.

domingo, 1 de junho de 2008

O último romântico


Domingo de sol em Porto Alegre. Acordo e a vejo ao meu lado. Dorme placidamente, o sono dos preguiçosos, também o sono dos justos. Seu rosto límpido parece-me tranqüilo e sereno, afinal, é feriado. Dou um beijo silencioso em seus lábios e, como a bela adormecida dos contos de fadas, vejo seus olhos de amêndoas abrirem lentamente, me fitando, e, logo em seqüência, sinto-me realizado: recebo um sorriso amoroso.

- Bom dia. Vamos?

Estava combinado, domingo em Porto Alegre é dia de brique. Parque da Redenção, feira de artesanato, várias tribos, várias culturas, antiguidades, namorados à grama. Desfile de cachorros, várias raças, doação de filhotes e por aí vai. Não pode faltar o chimarrão, bebida típica do povo gaúcho e principalmente de quem está fora do seu Estado há algum tempo.

O chimarrão é, por si só, a ferramenta mais simples de sociabilização do povo rio grandense. Basta olhar para o lado e lá está a cuia passando de mão em mão e amparando conversas, opiniões, idéias. Não podem faltar camisetas do Grêmio e do Internacional, afinal o gaúcho ou é gremista ou é colorado. Não tem terceira via, não tem meio termo.

De repente ouço: - Vamos comer um churros?

Nossa! Quanto tempo não comia algo tão saboroso. Não pela guloseima em si, mas pelo prazer de saboreá-la ao lado dela. Fotos, fotos e mais fotos. Levei minha câmera. Hobbie, quase profissão. Andar de mãos dadas, escolher os presentes que vamos levar para os amigos na Santa e Bela Catarina. Observamos as famílias, as crianças, fizemos nossos planos, de que, num futuro próximo, seremos nós a empurrar o carrinho do bebê, de jogar bola com nosso filhote, de pular corda com nossa filha. Rolar na grama, atirar a bolinha para nossos cachorros saírem correndo pela grama verde coberta das folhas caídas de uma manhã agradável de outono.

Estamos quase indo embora e de repente ouvimos um grito: - Pára tudo, pára, pára. Silêncio por favor! Grita um senhor, de aproximadamente 40 anos.

- Por gentileza senhora, diz o cidadão. E lá vem ela, na sua caminhada matinal, com uma leg preta que delineia sua silhueta esguia e seu corpo enxuto para uma mulher de uns 40 anos. Fica encabulada com a gentileza do homem, a elogiá-la efusivamente.

- Ganhou o dia, ganhou a caminhada, diz minha companhia.

Mas não acaba aí. Num devaneio fugaz, o homem atira-se aos pés da mulher e grita: - Passe por cima, pode pisar, estou a sua mercê, estou a seus pés.
Olho para minha “bee”(abelha em inglês, apelido carinhoso que coloquei nela; louca por doces) e penso: Que inveja desse homem, e eu que me achava o último romântico. Tenho muito que aprender
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