sábado, 24 de janeiro de 2009

A casa do Senhor está sempre (sempre?) de portas abertas


Diria que não sou religioso. Pelo menos não daqueles fervorosos. Mas creio Nele.
E acredito em algumas coisas que me fazem ver a vida de modo, no mínimo, diferente.
Não vou discutir religião. Não se preocupem. Mesmo porque, religião, política, futebol, cores, dores e amores, não se discutem. Cada um tem a sua. Cabe a todos respeitar a opinião de cada um.

Essa semana procurei, digamos, um templo de uma determinada religião que me apraz.
Aqui pertinho de casa mesmo. Gosto de ir até lá, espairecer a mente, me conectar com o divino. Pois bem, chegando à porta do tal lugar me deparo com... um cadeado. Vou fazer minha mea culpa. Cheguei dez minutos após o começo da, digamos, liturgia.

Longe de mim fazer qualquer crítica a qualquer religião, doutrina, seita, ou seja lá o que for. Fiquei parado em frente ao portão fechado por, no máximo, cinco minutos. Até que um cidadão lá de dentro ao me avistar veio falar comigo. Perguntei se poderia entrar, assistir ao restante do rito. Ele educadamente me respondeu que sentia muito mas, como a palestra já estava quase no final, seria melhor que eu retornasse outro dia. Inclusive me deu um folder com os horários da casa, como que dizendo, oh Mané, aqui a gente tem horário, vê se chega mais cedo da próxima vez.

Não fiquei chateado com a situação. Mesmo porque todas as sociedades civis, religiosas e suas instituições possuem regras. E se você quer fazer parte de alguma tem que se sujeitar a elas. Não perguntei o motivo da porta fechada. Logo imaginei. Segurança. Estamos numa capital do estado. A violência bate à porta, inclusive da casa do Senhor. Respeitei a decisão, mas saí de lá pensativo. Em que mundo estamos? Nem as igrejas, templos ou o que for, escapam da senda de violência e medo que assola as grandes (e pequenas também) cidades.

Lembrei da evangelização. Minha catequista falava. As portas da casa de DEUS estão sempre abertas. Hoje, não mais. É um bom filão para a segurança privada. Guarda monitorada da igreja. Câmeras de monitoramento nos templos. Vigilância armada nos terreiros de candomblé. Cães de guarda às portas dos centros espíritas. Já imaginou? Porta giratória detectora de metais para entrar na missa? Esse mundo está do avesso mesmo. A bandidagem não perdoa nem a casa do Pai. Inclusive Pai deles mesmos.

A casa do senhor já esteve com as portas abertas. Hoje não mais. Na casa do Senhor não existe satanás. Mas que ele a visita, ah, com certeza, visita.

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