sexta-feira, 13 de março de 2009

Primeiras produções literárias na melhor faculdade de jornalismo do sul do país



Eis meus primeiros textos na FAMECOS. Jornalismo de qualidade. Aqui se faz.


Gaúcho em terra estranha

Gaúcho tem um quê de imperador. Tudo no seu estado (ou país, como alguns desejam) é melhor. A carne é melhor, o churrasco é melhor, a cerveja é única, as mulheres são as mais bonitas. Diria eu que está instituído o estilo gaúcho de ser. Aqui tudo tem dois lados. Invariavelmente. Dois times. Duas ideologias políticas. Dois jornais. Dois narradores esportivos.

Aventurei-me por terras estranhas há alguns anos. Fui morar onde antes era turista. Subi a BR 101 (ou BRIOI, como, carinhosamente, nossos vizinhos catarinas a chamam) e me instalei no vale do Itajaí. Beira do Itajaí-açu, um dos maiores rios de SC. Fui atrás do que todo mundo diz que tem lá. Uma tal de qualidade de vida. Depois de dois anos descobri que qualidade de vida em Santa Catarina significa desacelerar. No início pensei que era preguiça, desleixo. Não é. É se preocupar mais com a vida, menos com os problemas.

Litoral catarinense é um caldeirão. Tem gente de todo o Brasil. E do mundo. Muitos vêm com os navios, se encantam por uma catarina nativa e apeiam seu cavalo por aquelas paragens. De começo, tudo muito diferente. Sair da capital do mundo, sim, Porto Alegre é a capital do mundo para os gaúchos, e ir para uma cidade litorânea e tradicionalmente açoriana (espera aí! Porto também é açoriana) é, no mínimo, tratamento de choque.

Aprendi que gaúcho não é o dono do mundo, não é melhor que ninguém, é apenas um povo fortemente ligado às suas raízes. E que o resto do mundo é composto de pessoas, assim como nós, diferentes e que agregam valor cultural. Basta observar. Por que voltei? Saudade do estresse, do melhor churrasco e das mulheres mais bonitas. Do mundo, lógico.



Sobre a foto de uma flor (exercício de criação)

Tua intimidade se mostra para mim, como a flor que desabrocha na primavera. Teu desabrochar de mulher se faz natural, leve e delicado. Lembra a flor selvagem, à margem do rio, que descerra as pétalas e se traduz fértil. Espera e serás polinizada. Calma e lentamente, a beleza da flor tua apreende minha atenção. Desejo. Prazer. Retiro o pólen de ti. Produzo o mel da luxúria inocente da primeira vez. Adocicada, estás fecunda, como a natureza da flor, que és tu.

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