sábado, 2 de maio de 2009

Fui ao cinema - Parte II


Eu estava de BONÉ! Sim leitor, eu, eu mesmo, de boné, na sala do cinema. Como iria adentrar a sala do cinema portando um ostentoso boné em minha cabeça? Isso não é o pior. Pior, é que iria atrapalhar o cidadão que se postasse na cadeira imediatamente posterior a minha para esbaldar-se na apresentação da película aventuresca. Olhei o relógio. Eram 18h50. Não daria tempo de voltar ao carro para largar o boné, muito menos ir ao banheiro ajeitar o cabelo. Por que você sabe como é leitor. O blogueiro aqui, se você reparar na foto do meu perfil (que, aliás, é uma foto de perfil) verá que fios capilares, não são o meu forte. E quando ponho boné, então, ao tirá-lo só lavando a cabeça para os heróicos sobreviventes que habitam minha cabeça colocarem-se em seus devidos lugares.

Bom, vá lá. Entrei na sala mesmo assim. Foi então que vi. Sim eu vi. Minha salvação. Havia uma poltrona vaga. Na primeira fila. Ou como queiram, na última. A mais de cima. E o melhor. A da ponta. Ao lado da entrada. Agradeci aos céus tamanha sorte. Não só teria uma posição privilegiada para assistir ao filme, como também seria um dos primeiros a sair ao término da projeção cinematográfica. Eu realmente sou um sujeito de sorte. Estava tendo o privilégio de estar numa ESTREIA. Isso mesmo, eu, numa ESTREIA, mundial, diga-se de passagem! Só no México o lançamento foi adiado. Por causa do resfriado que acometeu nossos amigos chafurdadores. Não sabia que porco gostava dos X-MEN. Mas, vai saber?

Então, estava eu ainda a bendizer todas as graças alcançadas quando sentei em minha confortabilíssima poltrona. Ao meu lado um casal, atracado no bacião de pipoca e no gigantesco refrigerante. Agradeci mais uma vez, por ter escapado de tamanha tentação. 19h. Iniciaram-se os trailers. Logo no início, o rapaz, do casal ao lado, levanta-se para ir ao banheiro. Mas que coisa. A pessoa não podia ter ido antes. Isso que dá, sim senhor, comer pipoca salgada e tomar refri gelado. O filme ia começar e o cidadão corria o risco de perder o prólogo da história. Bom problema dele. Pediu-me licença e saiu. Começa o filme. E também começam a chegar os atrasados. E eu começo a me irritar, porque estou ao lado da porta de entrada, e sabe né? A luz de fora não é apagada. E a pior coisa leitor é uma luz intrusa no meio do escuro do cinema. Bom, exercitei um mantra de paciência e tratei de me concentrar no filme. Foi aí que começou tudo.

Sim. Eu descobri. Você que tem problema de retenção urinária ou prisão de ventre, vá ao cinema. Mal o filme tinha começado, um pai levanta-se para acompanhar a criança (a classificação indicativa é de 16 anos) ao banheiro. Um dos QUATRO, leitor, eu disse QUATRO filhos pequenos que o casal levou ao cinema. Começa que o filme não é para crianças. Outra. O que é que uma criança de 7 ou 8 anos vai conseguir entender de um filme legendado? A não ser que seja um prodígio em língua inglesa ou tenha a capacidade de leitura dinâmica em tão tenra idade. Duvido muito. Mas como eu is falando. O pessoal teve uma crise de incontinência urinária. Ou de diarréia, o que é pior.

Eu contei. Sem brincadeira. Eu contei. DE-ZES-SE-TE pessoas, isso mesmo, não perca a conta, DE-ZES-SE-TE pessoas levantaram-se durante uma hora e cinqüenta minutos para irem ao banheiro ou seja lá o que for. Eu tinha dito que cinema é um evento social. Ou seja, você tem que ter um pouco de SIFRAGOL, para notar que não está na sua casa assistindo a um DVD. Tem que no mínimo respeitar os outros que pagaram, e não foi barato – aliás, já estou com a lei da meia entrada para estudante, ninguém me faz de bobo mais – e os deixarem assistir ao filme tranquilamente. Mas isso não é nada. O pior ainda está por vir.

Lembram que estava ao lado da entrada? Pois é. Se você, amigo leitor, já foi em uma sala de cinema, sabe que a entrada é coberta por uma espessa cortina, para que a luz externa não atrapalhe o espectador. Já viu né? Senti-me o próprio lanterninha, tendo que levantar, DEZ vezes para puxar a cortina que meus queridos colegas de sessão deixavam aberta ao sair ou entrar na sala. Rabo comprido sabe como é? Só faltou alguém pedir para eu pegar um saco de pipoca. Eu juro leitor, ah mas eu juro, me deu vontade sabe do quê?

De estar no lugar do Wolverine, receber a injeção de ADMANTIUM, e ter minhas próprias garras. Eu cortava rabo por rabo das criaturas transeuntes. Mas não acabou. No fim do filme...



...no fim do filme, aconteceu o pior, o que jamais poderia ter acontecido. O quê foi que aconteceu? Saiba amanhã, no último, derradeiro e final, mas não menos emocionante capítulo da minha saga ao cinema.

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