segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Congestionamento em calçadas




Arte de Wilma Barsotti

Algo está acontecendo nas cidades grandes. Tem chovido muito por aqui. Dos últimos 12 dias, 10 foram com água caindo do ceu. Adoro caminhar sob a chuva. Faz-me pensar, refletir. Comprei um guarda chuva novo. Grande. Bem grande. Enorme diria. Pra me proteger da água que cai. Virou moda. Guarda chuva grande. Além disso, o comércio internacional facilita a aquisição de tal iguaria.

Então, disse que algo se sucedia nos dias de hoje nas metrópoles do Brasil, do mundo talvez. Muita gente na rua, muita mesmo. Caminhando em calçadas cada vez mais estreitas. Apesar do recuo obrigatório de 4 metros da rua, as propriedades cada vez mais, principalmente as comerciais, se apropriam das vias expressas de quem trafega sobre dois pés. Pessoas demais, chuva demais, guarda chuvas enormes demais. Congestionamento garantido. Não mais guarda chuvas. Espadas que se esgrimam ao chocarem-se no cruzamento de duas almas. Ou mais.

As pessoas têm mania de caminhar lado a lado. Não interessa a largura do passeio. Três, quatro, até cinco, vindo em sua direção, como a defesa dos GIANTS a atropelar o quarter back, franzino, que tenta chutar a gol. Imagine cinco pessoas empunhando espadas medievais em sua direção? Lembro-me das cruzadas, onde os exércitos enfrentavam-se face a face.

Com o estreitamento das calçadas, o aumento da população mundial e a falta do controle de natalidade, associada ao aumento dos combustíveis, surge um novo fenômeno social: o congestionamento urbano de guarda-chuvas. Cada centímetro quadrado é disputado tapa a tapa. As pessoas preferem as marquises em dias de chuva. Além de proteção extra, mais longe do banho dos carros.

Dia desses vinha caminhando pelo lado direito da calçada, como determina a legislação de trânsito, quando, em sentido oposto ao meu, outro transeunte vinha pela contramão. Ambos segurando suas espadas, digo guarda chuvas, como numa disputa medieval sobre cavalos pela atenção de alguma princesa. Ao nos aproximarmos, firmei o passo em linha reta (afinal o outro que estava na contramão), e nos chocamos. Ouvi um monte de palavrões do cidadão. Só faltou me espetar com seu sombreiroo. Como se eu tivesse obrigação de desviar.

O trânsito nas grandes cidades está caótico mesmo. Inclusive em dias de chuva, nas calçadas.




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